Novembro Azul – Mês da Saúde do Homem
O Novembro Azul carrega um significado importante para o penúltimo mês do ano. A campanha surgiu com a intenção de conscientizar a população sobre a saúde do homem, com foco na prevenção do câncer de próstata – mas também é uma oportunidade de refletir sobre outro tema fundamental: a saúde mental masculina, pouco discutida e, por isso, terreno nebuloso para muitas pessoas.
“Coisa de homem”?
Em muitas culturas, incluindo a brasileira, a saúde mental masculina ainda é tratada como um tabu. Por muito tempo (e infelizmente até hoje), nossa sociedade leva os meninos a acreditarem que expressar emoções é sinal de fraqueza, algo que comprometeria sua virilidade e masculinidade, que os faria “menos homem”. “Homem não chora”, “seja forte”, “não seja frouxo” – essas frases fazem parte de um repertório cultural que é responsável pelo silenciamento dos afetos masculinos.
Assim, o menino que levou uma bronca dos pais por chorar, torna-se o homem que, no futuro, não sabe identificar e nem expressar os próprios sentimentos.
Vivemos em uma cultura que desencoraja os homens a procurarem ajuda quando enfrentam dificuldades emocionais.
A ideia de que os homens devem ser inatingíveis, sempre fortes e racionais, coloca um fardo emocional difícil de suportar. A repressão de sentimentos como tristeza, medo ou ansiedade contribui para um ciclo de sofrimento silencioso, que muitas vezes culmina no desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e transtornos de ansiedade.
Dados sobre a Saúde Mental Masculina
Os números sobre a saúde mental masculina no Brasil nos convidam a observar uma realidade assustadora.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2023, cerca de 10% da população brasileira, incluindo uma parte significativa de homens, sofre de transtornos mentais. No entanto, os dados de suicídio são ainda mais impactantes. Segundo o Atlas da Violência 2024, o Brasil registra uma taxa crescente de suicídios entre os homens, sendo que eles representam cerca de 70% dos casos. Este dado é ainda mais alarmante em faixas etárias mais jovens e na população masculina adulta, o que mostra a urgência em quebrar o silêncio sobre a saúde mental masculina.
Esses números não são apenas estatísticas, mas refletem a dor silenciosa que muitos enfrentam sozinhos. O estigma em torno da vulnerabilidade emocional e o medo de serem julgados ou rotulados como “fracos” fazem com que muitos se isolem, deixando de buscar a ajuda necessária.
A Importância da Terapia
Felizmente, estamos começando a testemunhar uma mudança importante nas últimas décadas: um número crescente de homens tem procurado apoio psicológico, e a terapia tem se mostrado uma ferramenta essencial para o enfrentamento de desafios emocionais. A terapia oferece um espaço seguro para que os homens possam expressar suas emoções sem julgamento. Através da psicoterapia, é possível trabalhar questões como ansiedade, depressão, conflitos e relações afetivas de forma construtiva!
A ideia de que o homem não pode pedir ajuda precisa ser desconstruída. Reconhecer suas emoções, buscar tratamento e falar sobre sentimentos não diminui a masculinidade de ninguém – pelo contrário, é um ato de coragem e autoconhecimento. A terapia não apenas ajuda a melhorar a saúde mental, mas também fortalece as relações interpessoais, pode melhorar o desempenho no trabalho e contribuir para uma vida que vale a pena ser vivida.
Concluindo…
Desconstruir os estigmas em torno da saúde mental masculina não é apenas uma questão de ajudar os homens, mas também de criar uma sociedade mais saudável e empática para todos. Precisamos incentivar os homens a falarem sobre suas emoções, a buscarem ajuda quando necessário e a se sentirem confortáveis para ser vulneráveis, sem medo de serem estigmatizados.
O Novembro Azul é uma excelente oportunidade para refletirmos sobre a saúde dos homens de maneira mais ampla, incluindo as questões de saúde mental.
Que possamos construir uma sociedade em que o cuidado com a saúde mental seja visto como algo fundamental, sem discriminações ou tabus.
Equipe Harmonie
Texto: Anna Carolina Cavalheiro